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A Origem dos Deuses

Foto do escritor: Fátima MartiniFátima Martini

Atualizado: 14 de jan. de 2023

Parte do texto da mesma autora foi publicado em duas revistas acadêmicas:

BELO APOLO: apaixonado e vingativo. Interfaces da Educação, Paranaíba, v.9, n.25, p. 423-451, 2018.

VIRGEM ARTEMIS: protetora e implacável. R. Inter. Interdisc. Art&Sensorium, Curitiba, v.5, n.2, p. 073 – 092 Jul.- Dez. 2018.


De acordo com a genealogia apresentada em Teogonia (Hesíodo, 2013), o mundo começou com Abismo, a inexistência, o Caos. Do caos nasceu a divindade que personifica a Terra. Em seguida surgiu o Tártaro e Eros o mais belo dos imortais, o desejo.

Os deuses primordiais[1] geraram inúmeros filhos, mas foi de Urano que se seguiram a segunda, e a terceira geração divina.

Urano odiava e ocultava no Tártaro todos os filhos. A mãe, farta de tanta tirania, mostrou aos filhos uma foice, talhada a partir de uma pedra dura e cinzenta, com a qual suplicou vingança. Escondido e armado com a foice, Crono, o filho mais novo e mais astuto, partiu para a ação:


Veio, trazendo a noite, o grande Céu, e em torno de Terra

estendeu-se, desejoso de amor, e estirou-se em toda

direção. O outro, o filho, da tocaia a mão esticou,

a esquerda, e com a direita pegou a foice portentosa,

grande, serridêntea, os genitais do caro pai

com avidez ceifou [...]

(HESÍODO, 176-181, 2013, p. 43)

Giorgio VASARI (1511-1574) e Cristofano GHERARDI (1508-1556) A castração de Urano, 1560. Afresco, Sala di Cosimo I, Palazzo Vecchio, Florença, Itália.


Ao ser castrado, no entanto, Urano avisou a seu filho que ele também seria destronado por um de seus descendentes. Desse modo, cauteloso, Crono inaugurou a segunda geração ao retirar o poder do velho pai e instaurar o poder dos Titãs sobre o mundo.

Para dar continuidade à linhagem, escolheu sua irmã mais velha, Réia, que gerou os irmãos[2]: Héstia, Deméter, Hera; Hades e Poseidon No entanto, o deus destinado a ser subjugado, mantinha vigilância cega e engolia os filhos tão logo apareciam, para desespero da esposa.

Gravado por Heinrich ALDEGREVER (ca. 1502-1555/1561) Saturno, 1533. Disponível em: https://collections.louvre.fr/en/ark:/53355/cl020572566 Acesso em: dez. 2022.


Sem rodeios, quando estava para parir o mais novo, Réia suplicou ajuda dos deuses antigos, que planejaram um ardil para enganar o pai devorador, enviando-a a Lictos, uma fértil região da grande ilha de Creta, no Mediterrâneo. Lá chegando, tão logo o filho nasceu, Réia escondeu-o em uma gruta rochosa, coberta por densa floresta.

Quando a negra noite chegou, a vingativa mãe voltou abraçada a uma pedra enrolada em manta, entregando-a ao grande senhor que a devorou rapidamente, sem notar a trapaça, “e não notou no juízo que para ele, no futuro, ao invés da pedra seu filho invencível e sereno ficou, quem logo iria com força e braços subjugá-lo.” (HESÍODO, 488-490, 2013, p. 65)

Edme BOUCHARDON (1698-1762) Réia enganando Crono, século XVIII. Giz vermelho sobre papel, duas folhas unidas, 33.2x26.4. Metropolitan Musem of Art. Disponível em https://www.metmuseum.org/art/collection/search/359646 Acesso em dez. 2022


 

[1] Escuridão e Nix. Dia e Éter. Urano, Montanhas e Ponto. O gigante Tífon, os Ciclopes e os Hecatonquiros. Nereu; Taumatante, Fórcis, Cetó e Euríbia. Os Titãs: Oceano, Ceos, Crio, Hipérion, Jápeto, Teia, Réia ou Cibele, Norma, Memória, Febe, Tetís e, o mais novo, Crono (Khrónos) ou Saturno pelos romanos. [2] Os irmãos: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, são chamados pelos romanos, consecutivamente de: Vesta, Ceres, Juno, Plutão e Netuno.


OBS: Parte do Artigo publicado em Artigos Acadêmicos na ArteRef - Por Fátima Sans Martini - outubro 20, 2020. Disponível em: https://arteref.com/artigos-academicos/conheca-a-origem-dos-deuses-gregos/


REFERÊNCIAS

HESÍODO. Teogonia. Organização e tradução Christian Werner. São Paulo: Hedra, 2013. 103p.


METROPOLITAN MUSEUM OF ART, Nova Iorque, EUA. Disponível em https://www.metmuseum.org/art/collection/search/359646 Acesso em dez. 2022.


MUSÉE DU LOUVRE, Paris, França. Disponível em: https://collections.louvre.fr/en/ark:/53355/cl020572566 Acesso em: dez. 2022.


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