Os Deuses Olímpicos
- Fátima Martini
- 14 de jan. de 2023
- 4 min de leitura
Atualizado: 17 de mar. de 2023
Parte do texto da mesma autora foi publicado em duas revistas acadêmicas:
BELO APOLO: apaixonado e vingativo. Interfaces da Educação, Paranaíba, v.9, n.25, p. 423-451, 2018.
VIRGEM ARTEMIS: protetora e implacável. R. Inter. Interdisc. Art&Sensorium, Curitiba, v.5, n.2, p. 073 – 092 Jul.- Dez. 2018.
Crono inaugurou a segunda geração ao retirar o poder de Urano e instaurar o poder dos Titãs sobre o mundo. Com a irmã, Réia, gerou Héstia, Deméter, Hera; Hades e Poseidon[1], que eram engolidos por Crono, assim que nasciam. Revoltada, quando estava para parir o mais novo, Réia escondeu o menino, assim que nasceu nas montanhas da terra.
Ao voltar embalou uma pedra na manta e entregou-a ao grande senhor que a devorou rapidamente, sem notar a trapaça.
Em Hesíodo (501, 2013, p. 67) Zeus, mantido a salvo, destronou Crono com sua força. Em seguida retirou do estômago do pai seus irmãos.
Logo depois libertou os tios paternos das profundezas: Brontes, Estérope e Arges. Eles “pela boa ação retribuíram com um favor, e deram-lhe trovão, raio chamejante e relâmpago”, com os quais Zeus passou a governar os mortais e imortais. (HESÍODO, 503-505, 2013, p. 67)
O filho de Crono depois de expulsar os Titãs do céu e encerrá-los, com a ajuda dos Cíclopes, sob escuras e pesadas nuvens[2], derrotou o gigante Tífon[3], que ameaçava com seus urros destruir o Olimpo, o Oceano e até o Tártaro.
Após os dois grandes embates, Zeus dividiu o Universo com seus dois irmãos: Poseidon recebeu o mar, Hades foi para o mundo subterrâneo.
Com suas esposas, irmãos e filhos, o deus mais poderoso passou a reinar sobre o mundo, de seu palácio no topo do monte Olimpo, instaurando a terceira geração divina.
A primeira esposa foi a deusa da astúcia e da sabedoria, Métis, filha dos titãs Oceano e Tétis. Sob severos conselhos, Zeus a engoliu antes da filha nascer e de sua própria cabeça “gerou Atena, olhos-de-coruja, terrível atiça-peleja, conduz-exército, infatigável, senhora a quem agradam gritaria, guerras e combates.” (HESÍODO, 924-926, 2013, p. 95)
Com a segunda esposa, Norma, também chamada de Têmis, gerou as Moiras e as Horas. Em Hesíodo (907-909, 2013, p. 95) da terceira esposa, Eurínome, filha do Oceano, nasceram as três Graças, ou Cárites: Aglaia, a radiânçia, Euphrosine, a alegria, e Thalie, a encantadora festa.
Da união com a irmã gêmea, a ciumenta Hera, nasceram: Ares, Eilêitia e Hebe, a personificação da juventude. Enfurecida com o marido, por causa das amantes e os filhos bastardos, Hera gerou sem a união do amor, Hefesto, que “nas artes supera a todos os Celestes” (HESÍODO, 929, 2013, p. 97).
Hera era venerada em todas as casas e protetora do casamento, no entanto, castigava as mulheres, por quem seu marido se apaixonava. A deusa mantinha-se perfeitamente indiferente à hipotética relutância ou inocência das suas rivais, tratando-as em pé de igualdade. Com ira implacável perseguia-as, bem como aos seus filhos.
Hermes nasceu da união com Maia, filha de Atlas[4] e uma das sete Plêiades que foram transformadas em constelação. Uma das atribuições de Hermes é transmitir mensagens dos deuses. Inventor da lira e da flauta, trocou-as pelo caduceu de Apolo.
O alegre Dionísio nasceu de Sêmele, filha de Cadmo (filho de Agenor) e Harmonia (filha de Afrodite e Ares). Sêmele morreu fulminada quando Zeus apresentou-se como deus olímpico, envolto em luz chamejante.
Com a irmã, Deméter, Zeus gerou Perséfone[5]. Raptada por Hades passava metade do ano no submundo, correspondente ao outono e inverno e metade do ano, na primavera e verão, na superfície.
Da união com Leto, filha de Ceos e da Titânide Febe, de gerações anteriores, nasceram os imortais: Apolo e Ártemis, segundo Hesíodo (919, 2013, p. 95) “prole desejável mais que todos os Celestes”.
O panteão grego é formado, entre outros, por doze principais deuses imortais[6], chamados de olímpicos canônicos: Zeus e os irmãos: Hera, Poseidon, Héstia[7] e Deméter e, os filhos imortais: Atena, Ares, Hefesto, Hermes, Dionísio, Apolo e Ártemis. Hades habita nas profundezas da terra ao lado de Perséfone.
Nos Hinos Homéricos (2010, p. 55-70) Gaia, deusa da primeira geração, personificação divina da terra; Réia, mãe dos deuses e Afrodite[8], ambas filhas de Urano; o filho de Apolo, Asclépio, chamado pelos romanos de Esculápio e considerado o deus da cura; Pã, deus dos pastores e dos rebanhos e, os deuses gregos: Hélio, o deus sol e Selene, a deusa-lua, também frequentavam, entre outros, o monte Olimpo ao lado dos principais deuses.

Daniel Nikolaus CHODOWIECKI (1726-1801) Deuses do Olimpo, 1774. Gravura nº 117, 17,9x23,4. Acervo: Rijksmuseum, Amsterdam, Holanda.
[1] Os irmãos: Héstia, Deméter, Hera, Hades e Poseidon, são chamados pelos romanos, consecutivamente de: Vesta, Ceres, Juno, Plutão e Netuno. [2] O Tártaro é um abismo profundo encoberto por pesadas e escuras nuvens. [3] Filho da Terra e de Tártaro por meio dos dons de Afrodite. [4] Também chamado de Atlante, Atlas, filho do titã Japeto, foi condenado por Zeus a suportar o mundo nas costas. Casado com Pleione, gerou sete filhas ninfas (Plêiades) [5] Chamada de Prosérpina pelos romanos. [6] Os deuses gregos são chamados pelos romanos consecutivamente de: Júpiter, Juno, Netuno, Vesta e Ceres e, os filhos: Minerva, Marte, Vulcano, Mercúrio, Baco, Apolo e Diana. [7] Irmã de Zeus, deusa do fogo, Héstia foi cortejada pelos deuses, especialmente por Apolo e por Poseidon. A deusa rejeitou todas as propostas amorosas e conseguiu que o irmão, Zeus protegesse sua virgindade. Entre os romanos o fogo sagrado era protegido por jovens virgens, chamadas de vestais. [8] Chamada de Vênus para os romanos, no Olimpo Afrodite está sempre ao lado do pequeno Eros, seu filho e companheiro nas artes do desejo. Existem duas versões sobre a origem de Afrodite. A primeira foi descrita por Homero em que a deusa do amor e da beleza é filha de Zeus e da ninfa Dione. Em Hesíodo ela é Filha de Urano (da primeira geração) gerada pelo sêmen do pai em contato com a espuma do mar.
REFERÊNCIAS
HESÍODO. Teogonia. Organização e tradução Christian Werner. São Paulo: Hedra, 2013. 103p.
HINOS HOMÉRICOS. Tradução, notas e estudo de Edvanda Bonavina da Rosa et al. São Paulo: UNESP, 2010. 575p.
HOMERO. Ilíada. Tradução e introdução de Carlos Alberto Nunes. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2015. 536p.
RIJKSMUSEUM, AMSTERDAM, HOLANDA. Disponível em http://hdl.handle.net/10934/RM0001.collect.93108 Acesso em 09 jan. 2019.
Quando criança adora ler sobre os deuses do Olimpo. Este texto me trouxe uma feliz nostalgia.