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História do Mobiliário

Foto do escritor: Fátima MartiniFátima Martini

Atualizado: 29 de out. de 2022

A História do Mobiliário remete ao momento inicial em que o homem procura uma habitação para se proteger e conviver, e se estende aos dias atuais.

A evolução do mobiliário perpassa a história sociopolítica, artística e cultural, nos diversos períodos e regiões, por isso a importância de uma perspectiva cronológica para se entender os fatos e as referências.

O móvel acompanha as necessidades dos habitantes e das moradias, dos mais variados territórios; cerca-se de estilos e maneiras regionais, evolui e aperfeiçoa-se, segundo o avanço das técnicas; e se transforma, adaptando-se à modernidade e ao conforto. Desse modo, a quantidade, a qualidade, diversidade e design associam-se e integram-se à estética da época, aos estilos e movimentos artísticos.

Escrever a respeito da História do Mobiliário implica em elucidar estilos e períodos relativos ao mobiliário genérico, porém, faz-se necessário percorrer em síntese a História da Arte, que se liga também à sociedade e à política.

Ampla e profunda, a Arte e a História têm ligações com o sentimento dos artistas que criaram esse universo, tão diferente, enigmático, repleto de sutilezas, sensibilidade, gostos, processos éticos, teorias e envolve tantos outros sentidos. Portanto, o eixo histórico e artístico é necessário para que se compreenda o contexto sociopolítico e a articulação em torno dos diversos estilos e movimentos artísticos e deve preceder o âmbito do mobiliário, inserido no mesmo período e questões.

A investigação histórica e a análise das características formais, segundo imagens presentes nos acervos museológicos, indica a importância do estudo do mobiliário, o qual se adapta aos padrões e necessidades da sociedade ao longo de diferentes períodos históricos e artísticos.

O mobiliário elaborado com conforto e beleza é resultado da mente criativa do designer, apoiada em conhecimento teórico, gosto e sensibilidade, mediante a experiência técnica e prática.

A evolução do móvel tem profunda relação com o desenvolvimento da arquitetura e com a respectiva cultura dos povos.

A sociedade primitiva constituída de povos nômades produz objetos simples, aprimorados com o desenvolvimento do poder econômico.

Sem dúvida, os poucos móveis tornam os primeiros assentamentos mais agradáveis, no entanto, a não ser os artefatos da civilização egípcia em floração, encontra-se pouco, ou até mesmo nenhum exemplo ou modelo, das civilizações mais antigas.


MOBILIÁRIO DO ANTIGO EGITO

Breve texto e um recorte sobre o assunto a ser publicado no e-book: MOBILIÁRIO DO ANTIGO EGITO – Design e História.


O Antigo Egito representa uma das primeiras civilizações documentada, em termos políticos, culturais e artísticos.

As imagens, a escrita, as construções e os artefatos, atestam, apesar das fases de anarquia, a permanência dos padrões culturais e a formação socioeconômica por milhares de anos.

O mobiliário do Antigo Egito é testemunho do luxo da corte faraônica e da qualidade e avanço técnico e artístico da sociedade, que, na idealização de segurança e comodidade, concebe e consome.


Através da pintura mural e baixo-relevo[1], nas paredes dos templos e tumbas, é possível reconhecer que desde as primeiras Dinastias os egípcios já convivem com a cadeira, banco, mesa e arca; divãs, armações de leitos e apoio para cabeça.

Baixos-relevos em grande maioria demonstram que o mobiliário egípcio desde o início apresenta um estilo próprio, seja na forma, seja nos detalhes artísticos.


Nas artes plásticas, o estilo é o modo especial de escolher e combinar as formas. Para os historiadores de arte, o estudo dos estilos tem importância capital: não só os habilita a descobrir, graças a cuidadosas análises e comparações, quando, onde e por quem certa obra foi criada, como lhes permite compreender a intenção do artista, a qual depende da sua personalidade e do meio onde viveu e trabalhou. Um estilo nacional é o conjunto dos traços próprios que distinguem a arte de um povo perante a de quaisquer outros. (JANSON, 1992, p. 57)


As cadeiras e tronos são representados em maior número, sozinhos ou acompanhados de mesas e bancos para apoio dos pés.

As pernas dos tronos, cadeiras, bancos e camas, apresentam ornamentos e elementos zoomórficos como: patas de leão, de touro e de gazelas, anteriores e posteriores; cabeça de pato e asas de pássaros, e sob elas uma sapata[2] formada por uma fileira de aros esculpidos.

Os assentos e móveis de repouso recebem, nas regiões de contato com o corpo, couro, fibras vegetais e almofadas envolvidas por tecidos finos e linho.

Os montantes reforçam a estrutura e garantem a estabilidade, em delicadas linhas verticais, horizontais e inclinadas, em madeira ou marfim.

Pintura egípcia executada por volta de 1000 a.C. Representa o falecido a ouvir um tocador de harpa. Cadeira com pés zoomórficos. Os montantes reforçam a estrutura e garantem a estabilidade da cadeira egípcia. KING, Constance. Illustrierte Geschichte Der Möbel. Alemanha: Könemann, 1996, p. 10.
Pintura egípcia executada por volta de 1000 a.C.

Pintura executada por volta de 1000 a.C. Representa o falecido a ouvir um tocador de harpa. Cadeira com pés zoomórficos. Os montantes reforçam a estrutura e garantem a estabilidade da cadeira egípcia. KING, Constance. Illustrierte Geschichte Der Möbel. Alemanha: Könemann, 1996, p. 10.


BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

BARTOLOMÉ, Calatayud C.; FERRANDO, Manuel et all. Glosario de carpintería ebanistería para Escuelas Taller. Servef-Paterna, Valencia, 2006.

BRUNT, Andrew. Guia dos Estilos de Mobiliário. 2ª edição. Lisboa: Habitat, 1990.

CALADO, Margarida; SILVA, Jorge Henrique Pais da. Dicionário de Termos da Arte e Arquitectura, Lisboa: Editorial Presença, 2005.

CERAM, C.W. Deuses, Túmulos e Sábios. SP: Melhoramentos, 10ª edição, 1962.

JANSON, H. W. História da Arte. Tradução J. A. F. de Almeida. São Paulo: Martins Fontes, 1992.

KILLEN, Geoffrey. Ancient Egyptian furniture. Volumes I e II. Warminster Wiltshire, UK: Aris & Phillips, 1994.

KING, Constance. Illustrierte Geschichte Der Möbel – Sofas. Köln, Alemanha: Könemann, 1996.

OATES, Phyllis Bennett. História do Mobiliário ocidental. Lisboa: Editorial Presença, 1991, 2007.


 

[1] Baixo-relevo – Pequena saliência da figura esculpida sobre fundo plano. [2] Sapata - Base ou ponteira, de materiais resistentes. São adicionadas aos pés ou pernas de caixas decorativas, baús, camas, cadeiras e mesas. Além de embelezar, as sapatas têm a função de resistência, mas também servem para equilibrar e nivelar o móvel apoiado no chão irregular.

2 ความคิดเห็น


Mel Senhorini
Mel Senhorini
29 ต.ค. 2565

Muito bom aprender com vc 😃

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Fátima Martini
Fátima Martini
29 ต.ค. 2565
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Obrigada. Acompanhe os artigos. um post um por semana. Um forte abraço.

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